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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Salmos: Terapia da alma - Final



Esse será o meu último post sobre os Salmos, extraído do livro "A Bíblia que Jesus lia". Pulei a parte que fala sobre louvor, porque meu objetivo aqui é enfocar o relacionamento, a intimidade com Deus através da oração que cura a alma. 

Os cristãos podem aprender o idioma da oração no livro de Salmos. Nele encontramos inspiração através das palavras e expressões necessárias. Podemos penetrar nessas palavras e permitir que o conteúdo dos salmos, reorganizem nossa atitude interior. 

De acordo com Eugene Peterson, tradutor recente de Salmos, apenas uma minoria desses objetiva o louvor e a ação de graças; praticamente 70% deles assume a forma de lamentos. O lamento de Salmos tem pouco em comum com lamúria e reclamações. Lamentamos o que achamos que precisa ser mudado. Os salmistas lamentavam o fato de que a vontade de Deus não estivesse sendo cumprida na terra como no céu.

O psicólogo cristão Dan Allender desenvolveu um questionamento que pode ser aplicado perfeitamente aos Salmos, no que diz respeito ao seu conteúdo de lamento, expressão de raiva e outros sentimentos. Entendo que os salmistas conheciam e confiavam em Deus profundamente. Porque só verbalizamos claramente nossa raiva mais intensa e irracional a alguém que confiamos plenamente, ao ponto de acreditarmos que essa pessoa suportaria a profundidade de nossas decepções, confusões... Sem dúvida, a pessoa que ouve e, mais ainda suporta nosso lamento, até mesmo contra ela, é alguém em quem confiamos profunda e imoderadamente.

Há um tipo de salmo chamado "imprecatório", são salmos de maldição sobre os inimigos, expressam uma "ira justa" contra o mal, são orações que permeiam a uma "terapia espiritual" levada ao extremo. Esse tipo de salmo ensina a atitude mais saudável a ser tomada por um cristão que é prejudicado por alguém de forma injusta. Indica que o caminho não é buscar vingança pessoal ou simplesmente negar ou suprimir os próprios sentimentos de mágoa ou raiva, mas sim levar esses sentimentos a Deus, confiando a Ele a tarefa da "justiça punitiva". Orações como os salmos imprecatórios deixam a vingança nas mãos certas. É significativo notar que os salmos imprecatórios expressam sua indignação a Deus e não ao inimigo.

Por instinto queremos fazer uma faxina nos sentimentos por meio de nossas orações, mas provavelmente invertemos a ordem. Talvez devêssemos esforçar-nos em levar todos os nossos piores sentimentos a Deus. Afinal, o que seria fofoca se revelado a outras pessoas passaria a ser petição quando levado a Deus. O que seria maldição vingativa quando dita a respeito de alguém ("Vão pro inferno aqueles caras!") passaria a ser um clamor de dependência completa quando dito diretamente a Deus ("Deus, o problema é teu em mandar aqueles caras pro inferno, pois só tu és um juiz justo").

Philip Yancey conta seu costume semanal:
Dou uma longa caminhada na colina atrás de onde moramos para apresentar a Deus minha raiva contra as pessoas que me prejudicaram. Cito todas as razões que fazem com que eu me sinta prejudicado, forçando-me a abrir sentimentos profundos diante dEle (e Deus já não os conhece assim mesmo?). Posso testemunhar que o simples fato de mencioná-los já tem um efeito terapêutico. Geralmente volto me sentindo como se tivesse descarregado um peso enorme. A injustiça já não está em meu coração como um espinho, como estava antes; expressei tudo em voz audível a alguém - a Deus. Às vezes descubro que, enquanto ponho os sentimentos para fora, cresço em compaixão. O Espírito de Deus fala a mim sobre meu egoísmo, meu espírito crítico, minhas falhas que outros trataram com graça e perdão, meu ponto de vista mesquinho e limitado.
Aprendemos com os salmistas a deixar Deus entrar em cada detalhe da vida. Tudo precisa ser apresentado a Deus em oração, até nossa raiva. E não se trata meramente de uma descarga catártica de agressividade reprimida diante do Todo-Poderoso, que deve ter sua importância. Ao colocarmos a raiva diante de Deus, colocamos tanto o nosso inimigo injusto quanto nós mesmos, como o nosso ser vingativo, face a face com um Deus que ama e faz justiça. À luz da justiça e do amor de Deus, o ódio mirra e é plantada a semente para o milagre do perdão.

Os salmos imprecatórios nos ensinam como lidar com o mal e a injustiça. Não devemos tentar fazer justiça com as próprias mãos. Pelo contrário, devemos entregar esses sentimentos, exatamente como são, a Deus. Como mostram claramente os livros de Jó, Jeremias e Habacuque, Deus tem um limite de tolerância muito amplo para o que é cabível dizer nas orações. Deus sabe "lidar" com o meu ódio descontrolado. Posso até achar que meus sentimentos de vingança precisam da correção de Deus - mas só levando esses sentimentos a Deus é que terei a oportunidade de ser corrigido e curado.

(Trechos extraídos do livro: A Bíblia que Jesus lia, de Philip Yancey, editora Vida, 2006)

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Salmos: Terapia da alma



Kathleen Norris descobriu através de sua experiência como conselheira, que os salmos oferecem um padrão útil para a expressão de raiva que a igreja muitas vezes tenta reprimir. "Aguente firme, sorria; o sofrimento o fortalecerá", dizem alguns conselheiros espirituais; contudo, não é isso o que dizem os salmistas. Eles manifestam as emoções de forma clara e audível, direcionando os sentimentos principalmente a Deus. 
Philip Yancey conta que nos salmos aprendeu que tem o direito de levar a Deus qualquer tipo de sentimento que ele nutra. Ele diz: "Não preciso disfarçar meus fracassos nem tentar limpar minha podridão; é bem melhor levar essas fraquezas a Deus, pois somente Ele tem o poder de curá-las".
O salmo 51, demonstra que mesmo tendo cometido assassinato e adultério, Davi reconheceu seu pecado contra Deus e apesar de não ter nada para oferecer a Ele a não ser um espírito quebrantado e um coração contrito, foi exatamente essa confissão que o conduziu ao caminho da cura. Davi confessou seu pecado com lágrimas e tristeza, e esse salmo se tornou um manual público para a confissão de pecados de outros.
Observa-se que o simples fato de expressar sentimentos de confusão, confissão e dúvida permitem ao autor uma perspectiva melhor. Ele se lembra de tempos melhores, relembra orações respondidas no passado, reconhece favores que ele talvez não tenha notado. No final do salmo, ele passa para o louvor e ações de graça. Sente-se ouvido e purificado. O salmo, ou a oração, opera esse processo transformador. Ex.: salmo 71.
Segundo Yancey, os poetas hebreus demonstram nos salmos que tentam incluir Deus em todas as áreas da vida, levando a Ele cada sentimento experimentado nas atividades diárias. Não precisamos nos "vestir bem" e colocar máscaras para nos encontrar com Deus. Não há áreas proibidas; podemos confiar nossa realidade a Ele.
Harold Fickett, amigo de Yancey, diz que procura entrar na realidade transmitida pelos salmos e que eles lhe fornecem as palavras de que precisa e aquelas que às vezes quer dizer a Deus. Os salmos instruem sua alma no seu amor por Deus. 

(Trechos extraídos do livro: A Bíblia que Jesus lia, de Philip Yancey, editora Vida, 2006)

domingo, 13 de novembro de 2011

Como entender o livro de Salmos



Philip Yancey, no livro "A Bíblia que Jesus lia", diz que o livro de Salmos transformou sua visão espiritual e sua concepção acerca do relacionamento com Deus. Pretendo através de alguns posts fazer um resumo das partes que julguei mais interessantes.

O livro de Salmos consiste numa amostra de diários espirituais, muito à semelhança de cartas pessoais dirigidas a Deus. O público-alvo, o destinatário principal é Deus. Consistem em orações pessoais em forma de poesia, escritas por uma variedade de pessoas em estados de espírito violentamente flutuantes. O livro de Salmos dá exemplos de pessoas "comuns" lutando freneticamente para harmonizar a crença que nutrem em relação a Deus com o que estão experimentando no dia-a-dia. Às vezes os autores são vingativos, outras vezes tentam justificar-se, outras vezes ainda são paranóicos ou mesquinhos. Nesse livro vemos que não é tanto Deus que está sendo apresentado ao povo, mas as pessoas é que se apresentam a Ele. Como os salmos são poesia, sua função não é explicar, "teologizar", mas oferecer imagens e histórias que estejam em ressonância com a nossa vida. Podemos ser estimulados, desafiados e quebrantados ao ler sobre o relacionamento dos autores com Deus.  

Salmos - Palavra Inicial



Eu acabei de ler um capítulo sobre o livro de Salmos do livro "A Bíblia que Jesus lia", do Philip Yancey e pretendo nos próximos posts fazer um resumo do que mais me chamou atenção nesse capítulo. Mas antes quero  relatar as conexões que fiz, no sentido de que os Salmos são orações que revelam total intimidade com Deus. Onde seres humanos se apresentavam a Ele, rasgando seus corações, suas almas, sem reservas. Expondo todo tipo de sentimento e Ele os acolhendo com seu maravilhoso amor incondicional.

Ainda este ano, eu estava numa aula da Escola Bíblica Dominical sobre oração e a lição nos incitava a orar, conversar com Deus apresentando todos os nossos sentimentos sem reservas porque precisamos dessa intimidade com Ele, que nos é garantida através de Jesus. Daí imediatamente lembrei da prática da Psicologia, que nos remete à cura pela fala, através de uma relação com uma pessoa, o terapeuta, num ambiente de aceitação, confiança etc. Minha reação foi de encanto com a Bíblia, com Deus. Antes da ciência explicitar algo, essa relação já era relatada na Palavra de Deus. Confesso que já tive muita dificuldade de estabelecer esse relacionamento através da oração, mas tenho evoluído muito. Sou meio fechada mesmo, muitas coisas ficam só na minha mente, não conto pra ninguém. Contudo, tenho mudado ao conhecer mais do caráter de Deus e também das decepções que já tive com várias pessoas, sejam amigos, parentes, profissionais (psicólogos, pastores etc). 
Tive que sofrer na pele para poder desistir de procurar alguém "humano" que me entendesse, compreendesse, aceitasse etc. Estou totalmente convicta de que só Deus, em sua infinita graça, amor e misericórdia é capaz de me compreender e amar incondicionalmente. E depois de ler o capítulo sobre os Salmos do livro citado lá em cima fiquei muito mais motivada para aprofundar minhas orações e desfrutar  da cura com o melhor terapeuta do universo!